Relato de um aluno

Fazendo uma retrospectiva de minha vida, lembrei-me de 1988, quando tudo, aparentemente, havia fracassado. Encontrava-me numa localidade pobre no Vale do Rio Doce, morando de favor numa pensão com condições bem precárias. Não conseguia local próprio, não tinha dinheiro, me alimentava e vestia mal e as abelhas que eu criava não estavam produzindo e para piorar ainda mais a minha situação, chegaram a suspeitar de mim por roubos de apiários na região. O povo me olhava desconfiado. A solidão era terrível e eu perguntava a mim mesmo o que fazer numa situação de miséria e ainda por cima ser mal visto! Quando eu passava pela rua as mães recolhiam as crianças para dentro de casa!

Numa determinada noite fria e seca do mês de junho, sem saber para o que apelar, pedi fervorosamente a Deus (nunca havia feito isso anteriormente em minha vida) que me enviasse uma luz, encaminhasse a mim uma solução. E qual não foi o meu espanto que pouco tempo depois, como se surgisse do nada, recebi dinheiro emprestado, consegui uma casa para morar e o mel apareceu nas colméias. Além disso, recebi pelo correio uma carta anônima, que conclamava a mim para o Caminho do Fogo Ardente. Como se não bastasse, acabaram por descobrir o autor dos roubos das colméias!

O tempo foi passando e continuei a receber as tais cartas , mas agora vinham acompanhadas dos livros da Agni Ioga, com ensinamentos do Mestre Morya. Fui lendo e relendo livro por livro, sem exatamente entender o Ensinamento, mas sabia tratar-se de um chamado, de uma resposta de Deus ao meu apelo.

Enfim, descobri que o autor das cartas e dos livros a mim presenteados era o Luiz, um conhecido meu que já não via há muitos anos. Até hoje, provavelmente, ele não sabe das conseqüências deste seu ato e sei que Deus estava ajudando-me através dele.

Passaram-se os anos e já em Belo Horizonte vim a conhecer a LSI através de uma palestra. Após assistir algumas palestras do Mestre, então presidente desta organização, achei que a essência dos ensinamentos era a mesma dos livros que estava lendo, mesmo não tendo sido mencionado o termo Agni Ioga.

Estes aparentes mistérios me fazem acreditar na beleza da vida. Quanto mais no fundo do poço se chega, quanto mais fragilidade se atinge, mais nitidamente se percebe a mão e a oportunidade oferecida por Deus. Nos outros momentos, parece que o orgulho embaça essa percepção. Todas as vezes que vejo uma pessoa passar por uma situação de crise, lembro-me da minha experiência, então sei por comprovação que todo apelo sincero a Deus encontra resposta. Namastê.

Sri Devananda